Galeria e referências no final do texto
A chegada da raça no Brasil...
Nos anos 1980 já existiam Pitbulls no Brasil, trazidos de forma discreta por pessoas de posse, exclusivamente para a realização de rinhas.
Dizem que o primeiro a trazer o APBT para o Brasil foi Rui Brossard, do Rio Grande do Sul em meados dos anos 1970. Sabemos que ele realmente possuiu os cães, mas há quem duvide que ele foi o primeiro.
Voltando aos anos 1980(~1984)... Pitbulls das linhagens
Paladin e
Garner foram importados para o Rio de Janeiro por Lindolfo Collor, com registro ADBA. E nos anos 90 também no Rio de Janeiro, o Dr. Paulo Homero Lontra e Antônio Schembri trouxeram mais pit bulls, das linhagens Patrick e Bellon.
O pessoal do RJ usou os cães de Rui Brossard também na criação.
Tornou-se moda principalmente entre os lutadores de jiu-jitsu, possuir pit bulls, principalmente porque é dito que um dos integrantes da família Gracie estava entre os proprietários pioneiros de pit bull no Brasil e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, é dito que o primeiro Pit Bull à chegar foi um macho sem registro chamado Playboy, trazido pelo senhor Stevenson. Depois, o senhor Shimalaia trouxe um casal (Rock Orioli e Miss Bull Orioli) muito importante que tornou-se base de cerca de 50% do plantel nacional(dado especulado em 2005) e que foram os avós(juntamente com o Playboy) do Pit Canchin(cão base da linhagem Canchin). E no final dos anos 90 chegaram os cães que deram fama aos "Thompsons".
Como já dito, os primeiros cães foram trazidos para rinha. Porém, a partir da metade dos anos 90 começaram a trazer o pit bull para ser utilizado como cão de guarda (pura ingenuidade), pensamento impulsionado pelas lendas e relatos de cães "violentos". Os cães Thompson são um exemplo disto, e foram trazidos para este propósito. O primeiro cão adestrado para função de defesa foi
Jeep, do João Coraçar(J.E Dog training)
Com a fama de violento cão de combate, as pessoas começaram a ouvir histórias fantásticas sobre a nova raça recém chegada ao Brasil. E estas histórias fantasiosas e sensacionalistas deram grande popularidade ao pit bull, que ganhou espaço nas lendas urbanas.
Em meio a escassez de exemplares puros compatíveis, os comerciantes/vendedores percebendo a busca imensa e desproporcional ao número de exemplares existentes, não hesitaram em vender e propagandear cães mestiços que foram espalhados pelos quatro cantos do Brasil. Cães estes que geraram inúmeros incidentes que tiveram grande repercussão na mídia.
A CBKC...
Percebendo o enorme potencial comercial da raça, a CBKC* passou a buscar um meio de emitir pedigrees nacionais para os cães. Como a raça não era reconhecida pela FCI*(a entidade maior à qual a CBKC é afiliada), a CBKC num primeiro momento terminou colocando o pit bull no recém-criado grupo 11 (Grupo das 'Raças não reconhecidas pela FCI') e passou a emitir os pedigrees e RI*(Registro Inicial).
Mas houve um problema, a raça possuía dois padrões(UKC* e ADBA*), qual seguir?
Em 2000 a CBKC orientou os criadores a seguir o padrão que bem entendessem(um dos dois). Porém a decisão não deu muito certo. Como medida, em Janeiro de 2002 a CBKC criou um padrão próprio para o Pit Bull e deixou em aberto à modificações de acordo com sugestões dos criadores. Isto também não deu nem um pouco certo. Então finalmente, a CBKC resolveu adotar o padrão imposto pelo UKC, traduzido em português.
Pit Bull vs CBKC...
Neste meio tempo em que a CBKC não estabeleceu um padrão para seguir e lançou seu próprio padrão em caráter experimental, vários cães sem origem conhecida (e fora dos padrões originais americanos) tiveram a oportunidade de receber um RI (Registro Inicial) como sendo Pit bulls puros.
Para quem não sabe, um RI é conseguido da seguinte maneira: o proprietário com um cão sem pedigree vai até um local para que um Juiz de exposições observe o seu cão, e através de uma avaliação visual mesmo, defina se o cão está dentro do padrão e se é da raça. Se o cão for aprovado, recebe o RI. Detalhe: muitos dos juízes que "avaliavam" os cães para conceder RI, nem conheciam a raça.
Então é de se imaginar quantos cães fora de padrão, sem procedência, de origem extremamente duvidável e MESTIÇOS conseguiram obter um registro como sendo Pit bulls. E este erro traz consequências até hoje, pois seus descendentes continuam sendo registrados.
Padrão...
Hoje a CBKC impõe o padrão estabelecido pelo UKC, porém parece que os Juízes que avaliam os cães nas competições de conformação não entenderam o que leram, ou ainda estão seguindo o padrão experimental criado pela CBKC á tempos atrás. Pois, boa parte dos cães premiados e preferidos pelos juízes nas exposições não atendem ao padrão oficial da raça no país de origem.
No arquivo PDF do padrão publicado pela CBKC(e que é a tradução do UKC) a entidade brasileira põe uma imagem como ilustração da raça. Na maioria dos padrões de outras raças que a entidade registra, quando há uma imagem no PDF, é fácil encontrar os dizeres: "Esta imagem não representa necessariamente o exemplo ideal da raça". Porém isto não acontece no arquivo do padrão do pit bull.
E a ilustração presente no arquivo publicado pela CBKC, ironicamente, apresenta um cão bem FORA DO PADRÃO.
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Mossad, do, provavelmente extinto, canil Best Trump Kennel.
Cão que ilustra o arquivo PDF do padrão do pit bull publicado pela CBKC.
Reparem na linha superior (dorsal), que lembra a de uma fila brasileiro.
Encontrei um pedigree online sem foto, com nome ligeiramente diferente: Red Mossad of Best Trump Kennel,
filho de Amichetti Crocodile e Amichetti Bora Red. Não sei se é o mesmo cão.
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Seria compreensível, se considerássemos o ano em que esta foto foi utilizada. Mas, por que continua lá? O próprio UKC em seu site oficial, possui uma gravura própria como ilustração no padrão(apesar de ilustrar apenas o busto do cão). A CBKC poderia utilizar a gravura citada, ou simplesmente utilizar a foto de um grande campeão do UKC do passado ou uma gravura baseada em um deles.
E além de tudo isto sobre o padrão, em se tratando de pit bull, para a CBKC a procedência parece não ter valor. Para a CBKC um RI ou um registro procedente UKC-ADBA, têm o mesmo valor. Como se isto fosse verdade. Cães descendentes de exemplares RI continuam ganhando e ganhando exposições Brasil à fora.
Com isto, concluímos que a CBKC parece não ter consideração pelo Pit Bull. E por que teria? Não é mesmo? A CBKC pertence a um sistema(FCI) que não reconhece a raça, e portanto não tem nenhuma obrigação de registrá-la, tampouco tem o direito de arruiná-la. Mas mesmo assim, parece realizar as duas façanhas.
Eu tenho esperança de que um dia isto mude(para melhor). E é com este propósito que escrevi este breve texto.
Acompanhe a galeria de fotos logo após estas sugestões e observações
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O que é pedigree? E o pedigree do Pit Bull
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OBS.: Verifique o arquivo publicado pela CBKC aqui:
http://cbkc.org/application/views/docs/padroes/padrao-raca_215.pdf (atualizado 2017)
E o padrão publicado pelo UKC aqui:
https://www.ukcdogs.com/docs/breeds/american-pit-bull-terrier.pdf (atualizado 2018)
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* CBKC - Confederação Brasileira de Cinofilia. O mais popular clube cinófilo do país.
* UKC - United Kennel Club. Entidade americana que reconhece e registra o Pit Bull desde 1898.
* ADBA - American Dog Breeders Association. Entidade que reconhece e registra o Pit Bull desde 1909.
* RI - Registro Inicial. Documento dado a um cão sem origem conhecida e que aparenta pertencer à determinada raça.
* FCI - Federação Cinológica Internacional.
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Galeria no final do texto
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FONTES:
* http://www.petbrazil.com.br/bicho/caes/030.htm O Pit Bull e a CBKC
* http://www.petbrazil.com.br/bicho/caes/030a.htm Quadro: Um pit bull excelente apresenta...
* http://racoesviana.com.br/artigo_detalhe.php?id=5&e=-American-Pit-Bull-Terrie (Ctrl+F e digita a situação atual no Brasil) A chegada do pit bull no Brasil
* http://orkut.google.com/c66558-t48a53b53e9a61dac.html Discussão sobre os 1º pits do Brasil. Final do texto.
* http://www.network54.com/Forum/671359/thread/1335560573/Enquete+dos+BELLONS Fórum com discussão sobre os cães Bellon que foram trazidos ao Brasil.
* http://sentinelkennel.xpg.uol.com.br/koat.htm A chegada dos Bellon ao Brasil.
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GALERIA
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Playboy. O primeiro Pit Bull de São Paulo. Sem registro genealógico.
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Miss Bull Orioli. Cadela que foi importada para o Brasil.
Pedigreee online aqui |
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Rock Orioli. Cão importado para o Brasil.
Pedigree online aqui |
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Pit Canchin. Descendente de Miss Bull Orioli, Rock Orioli, e Playboy.
Base da linhagem Canchin. Pedigree online aqui |
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Locco's Bad Dog(ou Loco's baddog, ou Amazona's bad dog). Cão produzido por Rui Brossard, porém
de propriedade do canil Locco's Kennel. Pedigree online aqui |
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Ramon's Smoke Jet. Cão produzido por Lindolfo Collor.
Pedigree online aqui |
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Loco's Shark. APBT branco produzido pelo Dr. Paulo Homero Lontra, porém
não de sua propriedade. Cão sobrinho do Bad Dog. Pedigree online aqui |
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Bellon's Tyson. Dos primeiros exemplares da linhagem Bellon trazidos ao Brasil.
Pedigree online aqui |
* Pedigree online completo do cão Rui's Macaco, de propriedade de Rui Brossard: https://pedigree.gamedogs.cz/details.php?id=196554
Gostaria de mencionar o Pit Bull Club do Brasil, que atua no Rio de Janeiro desde 1991.
INDICAÇÃO
Para quem procura cães procedentes ou é fã da raça, eu indico seguir a recém-formada
Associação Brasileira do American Pit Bull Terrier (ABRAPIT), uma associação que se comprometeu com a procedência e preservação da raça.